Terapia do Esquema: Compreendendo os Esquemas Desadaptativos e seus Domínios

A Terapia do Esquema, desenvolvida pelo Dr. Jeffrey Young, é uma abordagem terapêutica eficaz que se concentra na identificação e mudança de padrões de pensamento e comportamento profundamente enraizados, conhecidos como esquemas desadaptativos. Esses esquemas, formados durante a infância e adolescência, influenciam negativamente a vida adulta, levando a dificuldades emocionais, relacionamentos problemáticos e baixa autoestima.

O que são Esquemas Desadaptativos?

São padrões de pensamento e comportamento disfuncionais que se desenvolvem em resposta a experiências negativas na infância. Eles agem como filtros que distorcem a percepção da realidade, levando a emoções e comportamentos prejudiciais. A Terapia do Esquema visa identificar esses esquemas e ajudar o indivíduo a modificá-los, promovendo uma vida mais saudável e feliz.

  1. Os 18 Esquemas Desadaptativos Iniciais

Dentro desses cinco domínios, existem 18 esquemas desadaptativos iniciais, cada um com suas características e manifestações específicas:

Domínio 1: Desconexão e Rejeição

A sensação predominante é de que as necessidades básicas, como proteção, segurança, estabilidade, cuidado, empatia, compartilhamento de sentimentos, aceitação e respeito, dificilmente serão atendidas de forma consistente e confiável. A experiência familiar tende a ser marcada por distância emocional, frieza, rejeição, repressão, solidão, impaciência, imprevisibilidade e até mesmo abuso.

  1. Abandono/Instabilidade: Essa crença central se manifesta na percepção de que as pessoas com quem se poderia estabelecer relações são instáveis e não merecem confiança. Carrega a sensação persistente de que aqueles que são importantes não serão capazes de oferecer apoio emocional duradouro, conexão, força ou proteção, seja por serem emocionalmente instáveis e imprevisíveis (como ter acessos de raiva), por não serem confiáveis ou por estarem presentes apenas de forma esporádica. O medo subjacente é de que essas pessoas podem morrer a qualquer momento ou abandonar a relação em favor de alguém "melhor".
  2. Desconfiança/Abuso:

Essa crença central se manifesta na expectativa constante de que os outros irão machucar, abusar, humilhar, enganar, mentir, manipular ou se aproveitar de alguma forma. Geralmente, essa percepção envolve a sensação de que o prejuízo é intencional ou, pelo menos, resultado de uma negligência injustificada e extrema por parte dos outros. A pessoa pode carregar a sensação de que sempre acaba sendo enganada ou "levando a pior" nas relações interpessoais.

  1. Privação Emocional

Essa crença central se manifesta na expectativa de que a necessidade de receber um nível adequado de apoio emocional não será atendida de forma satisfatória pelas outras pessoas. Essa privação emocional se manifesta principalmente de três formas:

  • Privação de cuidados: A sensação de que falta atenção, afeto, carinho ou companheirismo nas relações interpessoais.
  • Privação de empatia: A percepção de que não há compreensão, escuta atenta, abertura ou compartilhamento mútuo de sentimentos por parte dos outros.
  • Privação de proteção: A sensação de que falta força, direção ou orientação por parte das pessoas ao redor, deixando o indivíduo desamparado e vulnerável.

  1. Defectividade/Vergonha:

Essa crença central se manifesta no sentimento profundo de ser defectivo, falho, mau, indesejado, inferior ou inválido em aspectos importantes da vida, ou de não merecer o amor e a aceitação de pessoas significativas.

Essa crença pode levar a:

  • Hipersensibilidade: A pessoa se torna extremamente sensível a críticas, rejeição e qualquer postura acusatória, interpretando-as como confirmação de sua defectividade.
  • Constrangimento e insegurança: Sentimentos de constrangimento, inadequação e insegurança surgem em situações sociais, levando a comparações desfavoráveis com os outros.
  • Vergonha: A pessoa sente vergonha profunda de seus defeitos percebidos, tanto os privados (como egoísmo, impulsos de raiva ou desejos sexuais considerados inaceitáveis) quanto os públicos (como aparência física indesejável ou inadequação social).

Essa crença central pode levar a um isolamento social, à evitação de situações que exponham a pessoa a julgamentos e a uma constante busca por aprovação externa para compensar o sentimento de defectividade interna.

  1. Isolamento Social/Alienação

Essa crença central se manifesta no sentimento persistente de estar isolado do resto do mundo, de ser fundamentalmente diferente das outras pessoas e/ou de não pertencer a nenhum grupo ou comunidade. Essa sensação de desconexão e inadequação pode levar ao isolamento social, à dificuldade em formar laços significativos e à crença de que nunca se encontrará um lugar onde se sinta verdadeiramente aceito e compreendido.

Domínio 2: Autonomia e Desempenho Prejudicados

Crenças arraigadas sobre si mesmo e o mundo ao redor criam dúvidas sobre a capacidade de se separar, sobreviver de forma independente, funcionar autonomamente ou alcançar sucesso. A dinâmica familiar tende a ser intrusiva, minando a confiança da criança, seja pela superproteção ou pela falta de incentivo para que ela desenvolva habilidades e se sinta capaz fora do ambiente familiar.

  1. Dependência/Incompetência: Essa crença central se manifesta na convicção de que a pessoa é incapaz de lidar com as responsabilidades cotidianas de forma competente e independente, sem precisar de uma ajuda significativa de outras pessoas. Isso pode incluir desde tarefas básicas de autocuidado até a resolução de problemas do dia a dia, o exercício do bom senso, a realização de novas tarefas e a tomada de decisões adequadas.

Muitas vezes, essa crença se apresenta como um sentimento de desamparo, em que a pessoa se sente perdida e incapaz de funcionar no mundo sem o apoio constante de outros. Essa dependência pode levar a dificuldades em assumir responsabilidades, a uma baixa autoestima e a um medo constante de falhar ou ser rejeitado por não conseguir se virar sozinho.

  1. Vulnerabilidade ao Dano ou à Doença

Essa crença central se manifesta em um medo excessivo e constante de que uma catástrofe iminente está prestes a acontecer e que não há como evitá-la. Esse medo pode se concentrar em diferentes áreas:

  • Catástrofes de saúde: Preocupação exagerada com a possibilidade de desenvolver doenças graves ou sofrer ataques súbitos, como ataques cardíacos, câncer ou AIDS.
  • Catástrofes emocionais: Medo intenso de perder o controle emocional, "enlouquecer" ou ter um colapso nervoso.
  • Catástrofes externas: Ansiedade constante em relação a acidentes, desastres naturais ou situações de violência, como quedas de elevadores, ataques criminosos, desastres aéreos ou terremotos.

Essa crença central pode levar a comportamentos de evitação, ansiedade generalizada e à busca constante por garantias e segurança. A pessoa pode se sentir constantemente em perigo e ter dificuldade em relaxar e aproveitar a vida devido à preocupação persistente com possíveis catástrofes.

  1. Emaranhamento/Self Subdesenvolvido:

Essa crença central se manifesta em um envolvimento emocional e uma intimidade excessivos com uma ou mais pessoas importantes na vida, geralmente os pais. Essa proximidade extrema dificulta o processo de individuação e o desenvolvimento social saudável.

Muitas vezes, essa crença envolve a convicção de que pelo menos um dos indivíduos envolvidos nesse emaranhamento não conseguiria sobreviver ou ser feliz sem o apoio constante do outro. A pessoa pode se sentir sufocada, fundida com o outro e sem uma identidade individual clara. Essa falta de autonomia e de um senso de self definido pode levar a sentimentos de vazio, fracasso, falta de direção na vida e, em casos extremos, até mesmo a questionar a própria existência.

  1. Fracasso:

Essa crença central se manifesta na convicção de que a pessoa fracassou, fracassará inevitavelmente ou é inadequada em comparação aos seus colegas em áreas como escola, trabalho, esportes ou outras atividades que envolvam desempenho e conquistas.

Essa crença geralmente inclui a ideia de que a pessoa é:

  • Bronco: Incapaz de aprender ou entender as coisas com a mesma facilidade que os outros.
  • Inepta: Desajeitada, incompetente ou sem habilidades para realizar tarefas com sucesso.
  • Sem talento: Desprovida de qualquer aptidão ou dom natural para se destacar em alguma área.
  • Inferior: Menos capaz, menos inteligente ou menos valiosa do que as outras pessoas.
  • Menos bem-sucedida: Sempre atrás dos outros em termos de conquistas e realizações.

Essa crença central pode levar a uma grande ansiedade de desempenho, à evitação de desafios e a uma baixa autoestima generalizada. A pessoa pode se sentir constantemente à sombra dos outros e acreditar que nunca será capaz de alcançar o sucesso ou o reconhecimento que deseja.

  1. Domínio 3: Limites Prejudicados

Esse padrão envolve desafios em definir limites saudáveis, tanto consigo mesmo quanto em relação aos outros. Pessoas com esses esquemas podem ser excessivamente permissivas, ter dificuldade em dizer "não" ou, em outros casos, sentir-se superiores e desconsiderar os limites dos outros.

  1. Arrogo/Grandiosidade

Essa crença central se manifesta na convicção de que a pessoa é superior aos outros, possui direitos e privilégios especiais, e não precisa seguir as mesmas regras de reciprocidade que guiam as interações sociais comuns.

Essa crença pode se expressar de várias formas:

  • Sentimento de direito: A pessoa insiste em poder fazer o que quiser, independentemente da realidade, do que os outros consideram razoável ou do impacto negativo que suas ações podem ter sobre os outros.
  • Busca por poder e controle: Há um foco exagerado em alcançar superioridade (ser o mais bem-sucedido, famoso ou rico) com o objetivo principal de obter poder e controle sobre os outros, e não apenas atenção ou aprovação.
  • Competitividade e dominação: A pessoa pode ser excessivamente competitiva e buscar dominar os outros, impondo seu ponto de vista e controlando o comportamento alheio de acordo com seus próprios desejos, sem demonstrar empatia ou se importar com as necessidades e sentimentos dos outros.

Essa crença central pode levar a comportamentos arrogantes, exploradores e insensíveis, prejudicando relacionamentos interpessoais e causando conflitos frequentes. A pessoa pode ter dificuldade em reconhecer seus próprios erros e limitações, e se frustrar facilmente quando não recebe o tratamento especial que acredita merecer.

  1. Autocontrole/Autodisciplina Insuficientes:

Essa crença central se manifesta na dificuldade ou recusa em exercer autocontrole e tolerância à frustração em relação aos próprios objetivos, ou em limitar a expressão excessiva de suas emoções e impulsos.

Em sua forma mais branda, a pessoa tende a evitar qualquer tipo de desconforto, como dor, conflito, confrontação e responsabilidade, mesmo que isso prejudique sua realização pessoal, seus compromissos ou sua integridade. Em casos mais graves, a pessoa pode agir de forma impulsiva e irresponsável, sem considerar as consequências de suas ações para si mesma ou para os outros.

Essa crença central pode levar a dificuldades em alcançar objetivos a longo prazo, a problemas nos relacionamentos interpessoais e a comportamentos autodestrutivos. A pessoa pode ter dificuldade em lidar com frustrações, adiar recompensas e seguir regras e normas sociais, buscando sempre a gratificação imediata e evitando qualquer situação que possa gerar desconforto ou incômodo.

Domínio 4: Direcionamento para o Outro

Esse padrão se caracteriza pela tendência de priorizar as necessidades dos outros em detrimento das próprias, buscando aprovação e evitando conflitos a todo custo. Indivíduos com esses esquemas podem ter dificuldade em expressar suas próprias necessidades e desejos, sentindo-se frequentemente ressentidos por sempre se sacrificarem pelos outros.

  1. Subjugação:

Essa crença central se manifesta na submissão excessiva ao controle dos outros, motivada pelo medo de represálias, como raiva, retaliação ou abandono. A pessoa se sente coagida e cede às vontades alheias para evitar conflitos e manter a paz.

Essa subjugação se expressa de duas formas principais:

  • Subjugação das necessidades: A pessoa suprime suas próprias preferências, decisões e desejos, priorizando as vontades dos outros, mesmo que isso vá contra seus próprios interesses.
  • Subjugação das emoções: A pessoa reprime suas emoções, especialmente a raiva, para evitar desagradar os outros ou provocar conflitos.

Essa crença central se baseia na percepção de que os próprios desejos, opiniões e sentimentos não têm valor ou importância para os outros. A pessoa se comporta de forma excessivamente obediente e se sente hipersensível a qualquer situação que possa ser interpretada como aprisionamento ou controle.

Essa submissão constante pode levar a um acúmulo de raiva e ressentimento, que se manifestam de forma desadaptativa, como:

  • Comportamento passivo-agressivo: Expressar a raiva de forma indireta e dissimulada, através de sarcasmo, procrastinação ou sabotagem sutil.
  • Explosões de raiva: Momentos de descontrole emocional em que a raiva reprimida explode de forma intensa e desproporcional.
  • Sintomas psicossomáticos: Dores de cabeça, problemas estomacais ou outros sintomas físicos que não têm uma causa médica clara, mas que estão relacionados ao estresse emocional.
  • Retirada do afeto: Afastar-se emocionalmente dos outros como forma de proteger-se de mais controle e subjugação.
  • "Atuação": Expressar a raiva e o ressentimento de forma indireta, através de comportamentos autodestrutivos ou prejudiciais, como abuso de substâncias ou automutilação.
  • Uso excessivo de álcool ou drogas: Buscar alívio temporário da raiva e da frustração através do uso de substâncias.

A subjugação crônica pode ter um impacto significativo na saúde mental e nos relacionamentos interpessoais, levando a sentimentos de impotência, baixa autoestima e dificuldade em estabelecer limites saudáveis. É fundamental buscar ajuda profissional para aprender a lidar com essa crença central e desenvolver habilidades para se afirmar e expressar suas necessidades de forma assertiva.

  1. Auto-Sacrifício:

Essa crença central se manifesta em um foco excessivo em atender às necessidades dos outros, mesmo que isso signifique sacrificar a própria felicidade e bem-estar. A pessoa se dedica voluntariamente a cuidar dos outros, colocando suas próprias necessidades em segundo plano.

As principais motivações para esse comportamento são:

  • Evitar causar sofrimento aos outros: A pessoa se sente responsável por evitar que as pessoas ao seu redor sofram ou se sintam mal, e acredita que a única forma de garantir isso é atendendo a todas as suas necessidades.
  • Evitar culpa por se sentir egoísta: A pessoa teme ser vista como egoísta ou insensível se priorizar suas próprias necessidades, então se dedica a cuidar dos outros para evitar esse julgamento.
  • Manter conexão com pessoas percebidas como carentes: A pessoa pode se sentir responsável por pessoas que considera dependentes ou necessitadas, acreditando que, se não cuidar delas, ninguém mais o fará.
  • Sensibilidade intensa ao sofrimento alheio: A pessoa se sente profundamente afetada pelo sofrimento dos outros e se sente compelida a ajudar, mesmo que isso signifique se sacrificar.

O auto sacrifício crônico pode levar a um sentimento de ressentimento em relação às pessoas que estão sendo cuidadas, pois a pessoa sente que suas próprias necessidades não estão sendo atendidas e que está sendo explorada. Esse padrão de comportamento se sobrepõe ao conceito de codependência, em que a pessoa se torna excessivamente dependente do relacionamento com o outro e negligencia suas próprias necessidades em prol de manter essa conexão.

É importante reconhecer que o auto sacrifício, embora possa parecer nobre, pode ser prejudicial a longo prazo, tanto para a pessoa que se sacrifica quanto para aqueles que recebem seus cuidados. É fundamental aprender a equilibrar o cuidado com os outros com o cuidado consigo mesmo, estabelecendo limites saudáveis e reconhecendo o próprio valor e as próprias necessidades.

  1. Busca de Aprovação/Reconhecimento:

Essa crença central se manifesta em uma necessidade excessiva de obter aprovação, reconhecimento ou atenção dos outros, ou de se encaixar em um determinado padrão social, em detrimento do desenvolvimento de um senso de identidade autêntico e seguro.

Principais características:

  • Autoestima dependente da validação externa: A pessoa baseia seu valor e autoestima principalmente nas reações e opiniões dos outros, em vez de se conectar com suas próprias inclinações e valores internos.
  • Busca por status e reconhecimento: Há uma ênfase exagerada em alcançar status social, ter uma boa aparência, ser aceito pelos outros, acumular dinheiro ou obter grandes realizações, com o objetivo principal de receber aprovação, admiração ou atenção, e não necessariamente por poder ou controle.
  • Dificuldade em tomar decisões autênticas: A busca constante por aprovação externa pode levar a decisões que não são genuínas ou satisfatórias para a pessoa, pois são baseadas nas expectativas dos outros e não em seus próprios desejos e necessidades.
  • Hipersensibilidade à rejeição: A pessoa se torna extremamente sensível a qualquer sinal de rejeição ou crítica, interpretando-os como uma confirmação de sua inadequação e falta de valor.

Essa busca incessante por aprovação externa pode levar a uma vida superficial e insatisfatória, em que a pessoa se molda constantemente para agradar aos outros, perdendo de vista sua verdadeira essência e seus próprios objetivos. É fundamental aprender a cultivar um senso de identidade forte e independente, baseado em valores internos e não na validação externa, para alcançar uma vida mais autêntica e feliz.

Domínio 5: Supervigilância e Inibição

Esse padrão se manifesta pela supressão excessiva de emoções e impulsos espontâneos, em uma tentativa constante de atender a expectativas internalizadas e rígidas. Pessoas com esses esquemas podem ser perfeccionistas, ter dificuldade em relaxar e se divertir, ou sentir-se constantemente ansiosas e preocupadas em relação ao futuro e ao julgamento dos outros.

  1. Negativismo/Pessimismo:

Essa crença central se manifesta em um foco persistente e generalizado nos aspectos negativos da vida, como sofrimento, morte, perda, decepção, conflito, culpa, ressentimento, problemas não resolvidos, erros potenciais, traição e a possibilidade constante de que algo dê errado. Ao mesmo tempo, a pessoa minimiza ou negligencia os aspectos positivos e otimistas da vida.

Características principais:

  • Expectativa exagerada de que algo dará errado: A pessoa carrega uma expectativa constante de que, em diversas áreas da vida, como trabalho, finanças ou relacionamentos, algo acabará dando muito errado, ou que as coisas boas que estão acontecendo irão desmoronar a qualquer momento.
  • Medo exagerado de cometer erros: A pessoa tem um medo intenso de cometer erros, pois acredita que isso pode levar a consequências catastróficas, como colapso financeiro, perda, humilhação ou ficar presa em uma situação ruim.
  • Preocupação, vigilância, queixas e indecisão crônicas: A tendência a exagerar os resultados negativos potenciais leva a um estado constante de preocupação, vigilância, queixas e indecisão. A pessoa tem dificuldade em relaxar e aproveitar a vida, pois está sempre antecipando problemas e se preparando para o pior.

Essa crença central pode levar a uma vida marcada pela ansiedade, pela tristeza e pela dificuldade em tomar decisões e correr riscos. A pessoa pode se sentir constantemente sobrecarregada e desanimada, e ter dificuldade em construir relacionamentos saudáveis e alcançar seus objetivos, pois está sempre focada nos obstáculos e nas possíveis ameaças. É fundamental buscar ajuda profissional para aprender a lidar com essa crença central e desenvolver uma perspectiva mais equilibrada e otimista da vida.

  1. Inibição Emocional:

Essa crença central se manifesta na inibição excessiva de ações, sentimentos ou comunicação espontânea, geralmente motivada pelo medo da desaprovação dos outros, de sentir vergonha ou de perder o controle sobre seus próprios impulsos.

A pessoa tende a:

  • Controlar rigidamente suas emoções e comportamentos: Evita expressar seus sentimentos abertamente, especialmente aqueles considerados "negativos" ou socialmente inaceitáveis, como raiva, tristeza ou vulnerabilidade.
  • Evitar situações que possam gerar julgamento: Tem dificuldade em se colocar em situações em que possa ser avaliada ou criticada pelos outros, preferindo se manter na zona de conforto e evitar riscos.
  • Priorizar o controle sobre a espontaneidade: Se preocupa excessivamente em manter o controle sobre seus impulsos e evitar qualquer comportamento que possa ser visto como inadequado ou impulsivo.

Essa inibição constante pode levar a uma vida marcada pela rigidez, pela falta de autenticidade e pela dificuldade em formar conexões genuínas com os outros. A pessoa pode se sentir presa em um padrão de comportamento controlado e previsível, perdendo oportunidades de crescimento e felicidade por medo de se expor e ser julgada. É fundamental buscar ajuda profissional para aprender a lidar com essa crença central e desenvolver a capacidade de se expressar de forma mais livre e espontânea, sem medo de julgamentos ou rejeição.

  1. Padrões Inflexíveis/Postura Crítica Exagerada

Essa crença central se manifesta na convicção de que é necessário se esforçar ao máximo para alcançar padrões internalizados extremamente elevados de comportamento e desempenho, geralmente para evitar críticas e julgamentos negativos.

Principais características:

  • Sentimentos de pressão e dificuldade em relaxar: A pessoa se sente constantemente pressionada a se superar e tem dificuldade em relaxar e aproveitar a vida, pois está sempre focada em alcançar a perfeição.
  • Postura crítica exagerada: A pessoa é extremamente crítica consigo mesma e com os outros, buscando falhas e imperfeições em tudo o que faz e no que os outros fazem.
  • Prejuízo em diversas áreas da vida: Essa busca incessante pela perfeição pode levar a um prejuízo significativo no prazer, no relaxamento, na saúde, na autoestima, na sensação de realização e nos relacionamentos interpessoais.

Os padrões inflexíveis geralmente se manifestam de três formas principais:

  • Perfeccionismo: A pessoa busca a perfeição em tudo o que faz, dedicando uma atenção exagerada aos detalhes e subestimando a qualidade de seu próprio desempenho em comparação com os outros.
  • Regras rígidas e expectativas irreais: A pessoa possui regras rígidas e ideias fixas sobre como as coisas "deveriam" ser em diversas áreas da vida, incluindo preceitos morais, éticos, culturais e religiosos elevados e muitas vezes fora da realidade.
  • Preocupação com tempo e eficiência: A pessoa está sempre preocupada com o tempo e a eficiência, sentindo a necessidade de fazer sempre mais do que já faz, sem conseguir relaxar ou aproveitar o momento presente.

Essa crença central pode levar a um esgotamento físico e emocional, a uma sensação constante de insatisfação e à dificuldade em construir relacionamentos saudáveis e equilibrados. É fundamental aprender a flexibilizar seus padrões, aceitar suas próprias limitações e reconhecer que a perfeição é inalcançável, para poder viver uma vida mais leve, prazerosa e significativa.

  1. Postura Punitiva:

A crença fundamental por trás da Postura Punitiva é que as pessoas devem ser punidas severamente quando cometem erros. Essa crença se estende tanto aos outros quanto a si mesmo.

Manifestações:

  • Raiva e Intolerância: Indivíduos com este esquema tendem a reagir com raiva e intolerância quando alguém (incluindo eles próprios) não atende às suas expectativas ou padrões, por mais elevados que sejam.
  • Punição e Impaciência: A tendência é punir os outros e a si mesmos de forma severa, sem espaço para a compreensão ou o perdão. A impaciência com as falhas e imperfeições é uma característica marcante.
  • Dificuldade em Perdoar: Perdoar a si mesmo e aos outros é um desafio significativo, pois há uma relutância em considerar circunstâncias atenuantes ou mostrar empatia pelos sentimentos envolvidos. A ideia de que erros merecem punição prevalece sobre a compaixão.
  • Rigidez e Falta de Flexibilidade: A postura punitiva muitas vezes se manifesta como rigidez e inflexibilidade, com dificuldade em aceitar a imperfeição humana e a inevitabilidade dos erros.

Origens:

  • Experiências na Infância: A Postura Punitiva frequentemente se origina de experiências na infância em que a criança foi punida de forma severa ou presenciou punições severas a outras pessoas.
  • Internalização de Críticas: A internalização de críticas e julgamentos constantes por parte dos pais ou outras figuras de autoridade também pode contribuir para o desenvolvimento deste esquema.

Impacto na Vida:

  • Relacionamentos: A Postura Punitiva pode levar a relacionamentos tensos e conflituosos, marcados por críticas, julgamentos e falta de perdão.
  • Autoestima: A autocrítica severa e a dificuldade em se perdoar pelos erros podem levar a uma baixa autoestima e a sentimentos de inadequação.
  • Saúde Mental: A raiva crônica, a intolerância e a dificuldade em perdoar podem contribuir para problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão.

A Terapia do Esquema como Solução

A Terapia do Esquema oferece um caminho para a mudança, ajudando o indivíduo a identificar seus esquemas desadaptativos, entender suas origens e desenvolver estratégias para lidar com eles de forma saudável. Através de técnicas como a imagéria, diálogo com as cadeiras e mudança de modo, o terapeuta auxilia o paciente a romper padrões negativos, construir novas crenças e desenvolver comportamentos mais adaptativos, promovendo uma vida mais plena e satisfatória.

Se você se identifica com alguns desses esquemas e sente que eles estão impactando sua vida, buscar a ajuda de um psicólogo especializado em Terapia do Esquema pode ser o primeiro passo para uma jornada de autoconhecimento e transformação.

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