Superendividamento médico: afogando-se em dívidas, adoecendo a mente

A realidade financeira dos médicos brasileiros está longe de ser a imagem de fartura e estabilidade que muitos imaginam. Segundo pesquisa da Medicina S/A, 71,25% dos médicos comprometem mais da metade da renda com o pagamento de dívidas, e 52,5% destinam mais de 80% do salário para arcar com os compromissos.

Mas o que leva a esse cenário alarmante? Diversos fatores contribuem, como:

  • Altos custos da formação: Financiamento da graduação, cursos de especialização, materiais de estudo e participação em congressos geram um montante significativo de dívidas desde o início da carreira. promessas de altos salários no futuro podem levar os graduandos a assumirem dividas além da capacidade de quitação de médio prazo, favorecendo que o futuro profissional seja pressionado a aceitar diversos trabalhos extras para colocar a vida financeira em ordem.
  • Precárias condições de trabalho: Baixa remuneração, longas jornadas de trabalho e falta de suporte adequado nas unidades de saúde pública e privada pressionam os profissionais a buscarem renda extra em plantões e atendimentos particulares, aumentando ainda mais o endividamento. Sem falar na perda de qualidade de vida. Neste caso os profissionais chegam a trabalhar horas seguidas entre hospitais diferentes emendando plantões e desregulando ciclo circadiano, favorecendo ao aumento de colesterol e diminuindo a sua reserva cognitiva.
  • Falta de educação financeira: A maioria dos médicos não recebe orientação adequada sobre gestão financeira durante a graduação ou residência médica, o que dificulta o planejamento financeiro e a tomada de decisões conscientes sobre investimentos e controle de gastos. Neste caso sugiro ler o artigo : https://www.psicologowesleialbert.com.br/blog/endividamento-compulsivo-compreendendo-e-apoiando-a-recuperacao/5
  • Pressão social: A crença de que o sucesso profissional se traduz em bens materiais e estilo de vida luxuoso pode levar os médicos a consumirem além de suas possibilidades, contraindo dívidas para manter uma aparência de status. È um paradoxo, pois o profissional acostuma-se a um estilo de vida caro e depois trabalha além das possibilidades afim de manter este estilo de vida ( não tendo tempo para usufruir dos bens adquiridos).

As consequências do superendividamento para a saúde mental dos médicos são devastadoras:

  • Ansiedade e estresse constantes: A preocupação com as dívidas e a incerteza do futuro geram um estado de tensão permanente, afetando a qualidade de vida e o bem-estar mental.
  • Depressão e outros transtornos mentais: A sensação de impotência e desesperança diante da dívida pode levar ao desenvolvimento de quadros depressivos, síndrome do pânico e outras doenças psicológicas.
  • Problemas nos relacionamentos: O estresse financeiro pode gerar conflitos com familiares e amigos, abalando os relacionamentos pessoais.
  • Diminuição da produtividade no trabalho: O cansaço mental e a preocupação com as dívidas podem prejudicar o desempenho profissional, levando à queda na produtividade e à insatisfação no trabalho.
  • Aumento do risco de suicídio: Em casos extremos, o desespero e a falta de perspectiva podem levar o indivíduo a considerar o suicídio como única saída.

A ajuda de um profissional de saúde mental é de extrema importância, neste caso um psicólogo cognitivo comportamental pode auxiliar o medico a compreender os motivos que estão ligados ao comportamento compulsivo gerador das dividas. aplicando técnicas de reestruturação cognitiva afim de aprender a gerir seus pensamentos e emoções, e principalmente a possibilidade de mudanças de crenças limitantes, muitas vezes herdadas da família e meio social.

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